sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Meninos, eu li...

2011 foi um ano bom para as leituras, ainda que, em alguns momentos, um tanto estafante.

Em um ano que escrevi tanto, ainda deu tempo de...

- Ler Dostoiévski, fundamental para entender este mundo muito louco
- Rever Ilíada com mais maturidade, apreendendo os ensinamentos da alma humana
- Conhecer J.M. Coetzee, o homem dos paradoxos e das complexidades
- Reencontrar Henry James, o artífice da forma
- Mergulhar em Joseph Mitchel, Lilian Ross, John Reed...
- Reler John Hershey e Gay Talese
- Maravilhar-me com os italianos Primo Levi e Lampedusa
- Perder-me e encontrar-me nos versos de Drummond
- Saber mais sobre o terremoto de Lisboa e a Peste Negra

Ou seja...
Teve bom!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Doutorado

Quero agradecer demais aqui a todos, todos mesmo que possibilitaram uma conquista tão importante para mim. A defesa da tese na UnB, terça-feira, é um dia que sempre lembrarei, não só pelo resultado muito positivo, mas também pelo grande número de manifestações de amizade que recebi antes, durante e depois de passar pelo crivo de uma banca poderosa. Muitas coisas passam pela nossa cabeça em momentos assim. Lembrei-me de como ingressei no doutorado, quase no susto, prestando a seleção como experiência e passando em primeiro lugar. Me lembrei de como tive de mudar totalmente minha rotina durante 1 ano e meio, indo e vindo de Brasília semanalmente (em dois semestres, essa viagem ocorria duas vezes por semana) para cumprir os créditos. Lembrei-me de tantos finais de semana que dediquei à tese, recusando convites para sair, deixando de ver o filme que queria ver, ficando até de madrugada lendo e escrevendo. Lembrei-me de todos os sacrifícios, mas também de todos que me ajudaram a superá-los. Meus queridos amigos, minha família, meus colegas de jornal O Popular, meus colegas de UnB, os professores. Tudo, afinal, teve um final melhor do que poderia desejar. Em uma banca constituída por referências na área do Jornalismo, a começar pelo grande Muniz Sodré, ver meu trabalho ser elogiado e debatido com tanta elegância e respeito me deixou profundamente emocionado. Ver aquele esforço ser recomendado para publicação foi além do que poderia esperar. De tudo isso, ficam, para além da tese, a alegria de saber que tenho tantos amigos maravilhosos que torceram tanto por mim, saber que conto com uma família amorosa, saber que aprendi muito nessa jornada, conhecendo autores, reflexões, amadurecendo minhas próprias ideias. Muito obrigado a todos. Valeu demais!


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Doutorzite Aguda

Crônica publicada no jornal O Popular em julho



Olá, senhor Egocêntrico Narcísico! Como vai o senhor?
Senhor não! Doutor. Sou advogado, esqueceu?
Ah, claro! Perdão. Mas o que o traz ao meu consultório?
Doutor, estou muito deprimido.
Mas qual é o problema, “doutor”?
É que muita gente não me chama de doutor. Parecem que não enxergam o meu anel de rubi!
Bom, seu Egocêntrio...
Seu Egocêntrio, não! Doutor Egocêntrico, por favor!
Ah... Perdão. Bem, “doutor” Egocêntrico, as pessoas não são obrigadas a chamá-lo de doutor, não é verdade?
Como não? Não chamam o senhor de doutor? Por quê não podem me chamar de doutor?
Bom, até concordo que a maior parte das pessoas me chamam de doutor, mas chamam porque querem, porque se acostumaram. Eu não as obrigo a me chamarem assim.
Mas isso é um absurdo! Todo mundo sabe que há profissões que exigem esse tratamento?
Exigem por quê, “doutor”?
Porque exigem, ora essa! São profissões que têm sua formalidade, que impõem respeito!
Sei... Mas sua indignação se refere a algum episódio específico?
O porteiro, o padeiro, o jornaleiro... Ninguém me chama de doutor como deveria?
E deveriam chamá-lo de doutor por quê?
Porque estou em outra categoria social, porque estudei mais que eles, ora essa!
Sei... Mas o senhor tem doutorado em quê?
Doutorado? Como assim?
Se estudou tanto deve ter doutorado, não é? Com doutorado, aí sim o senhor é doutor, certo?
Que besteira é essa? Desde quando é doutor só quem tem doutorado?
Ainda que isso seja mesmo uma besteira, pois ninguém deve ser obrigado a chamar ninguém de nada, a lógica não diz que deveria ser assim?
Claro que não! E há sujeitos com doutorado que são verdadeiros idiotas!
Concordo. Mas eles estudaram mais que o senhor, não é? Assim como o senhor estudou mais que o padeiro e o porteiro, não?
O que o senhor está querendo dizer?
Que, por seus critérios de avaliação, o senhor... quer dizer, o senhor “doutor” é pior do que aqueles que têm doutorado assim como é melhor do que quem não fez curso superior.
Isso é uma bobagem!
Eu também acho, mas foi isso o que senhor acabou de dizer.
Foi?
Foi sim, “doutor”.
Olha aqui, doutor, o senhor está me confundindo. Sou doutor e pronto! Assino doutor no meu talão de cheques. Meus colegas me chamam de doutor. Portanto, sou sou doutor!
Caro senhor Egocêntrico, o senhor sofre de uma síndrome muito comum nos entre aqueles que arrebitam o nariz: doutorzite aguda. Vou receitar alguns remedinhos para o senhor e vai melhorar. Tome um comprimido de Humildade de 8 em 8 horas, durante um ano, todos os dias, logo após as refeições. Compre um complexo vitanímico que inclui Humanidade, Sensatez e Educação. E, por fim, vou receitar 10 injeções, na veia, de um composto à base de Desconfiômetro. É ótimo para esse tipo de vertigem típico de quem sobe no salto.
O senhor acha que eu preciso disso mesmo, doutor?
Ô, se precisa!!!!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Valsa Brasileira

Há canções que, de tão belas, chegam a doer!


Vivia a te buscar porque pensando em ti corria contra o tempo
Eu descartava os dias em que não te vi
Como de um filme a ação que não valeu
Rodava as horas pra trás, roubava um pouquinho
E ajeitava o meu caminho pra encostar no teu


Subia na montanha não como anda o corpo, mas um sentimento
Eu surpreendia o Sol antes do Sol raiar
Saltava as noites sem me refazer


E pela porta de trás, da casa vazia
Eu ingressaria, e te veria,
Confusa por me ver
Chegando assim mil dias antes de te conhecer


Chico Buarque & Edu Lobo

sábado, 9 de julho de 2011

Paul Gauguin




Crônica publicada no jornal O Popular no último dia 7 de julho



O maluco, obsessivo, libertino, genial Paul Gauguin! Que surpresas suas tintas, suas cores e seus arrebatados amores podem esconder, francês selvagem! Entre os impressionistas, o meu preferido sempre foi Renoir, pelo alumbramento de suas telas. Depois vinha Monet e sua visão de catarata, borrarndo jardins e lagos em murais extraodinários. Degas e suas bailarinas também me chamavam a atenção, mas Paul Gauguin não. Será por quê? Talvez porque todos temos a tendência atávica de lhe fazer injustiças.



Mas agora Gauguin me conquistou, ainda que tardiamente. Afinal, não foi assim com críticos, colecionadores e museus? Acabo de ler El Paraíso en La Otra Esquina, do peruano Mario Vargas Llosa. O romance conta a vida de Gauguin e de sua avó, a combativa e utópica Flora Tristán que, não obstante esse nome, era francesa também. O interesse de Vargas Llosa se deu porque os dois tinham estreitos laços com o Peru, chegando a viver por lá em diferentes momentos de suas vidas.



A trajetória de lutas e sacrifícios da feminista Flora é muito interessante, com direito a um bate-boca com Karl Marx em uma tipografia de París e a uma tentativa de assassinato de seu ex-marido. É inevitável, porém, não se deixar afundar nas loucuras e no gênio de Gauguin. Vargas Llosa, nessa obra que não pode ser definida senão como maravilhosa, nos enreda em uma existência louca, muito louca. Gauguin levou a vida em duas partes. Na primeira, teve uma educação católica, passou uma juventude sem privações, serviu à marinha francesa, viajou o mundo – esteve até no Brasil –, casou-se, teve filhos – um monte deles – e chegou a trabalhar na Bolsa de Valores de Paris, onde ganhou dinheiro que custeou sua até então vida burguesa.



Quando descobre os pincéis e as tintas, depois dos 30, ele se transforma em um dos pintores mais inquietantes de sua geração. Melhor dizendo, o mais inquietante e o mais inquieto, mais até do que seu amigo fraterno Vincent Van Gogh, com quem teve uma relação afetuosa e conturbada. Culpa-se Gauguin pelo declínio final da mente do gênio holandês, com sua automutilação – a orelha não teria sido decepada em uma briga corporal entre os dois? – e seu suicídio. Mas isso são fofocas de ateliê. O que fica de Gauguin é a imagem de um homem exasperado, obcecado por um Paraíso para o corpo e o espírito, para a arte em estado puro que só seria encontrado na exótica Polinésia Francesa.



Os aparentes exageros de Gauguin em suas telas, em que as cores, de tão fortes, até agridem, se explicam por sua paixão, por seu ardor. Tudo é quente e desesperado. Tudo é fascinantemente atroz, urgente. Tudo é solar demais. Vargas Llosa descortina os segredos dessa ardência e fala de quadros tão incompreendidos quando pintados e tão celebrados depois que Gauguin morreu só, abadonado, em uma miséria horrível e repugnante nas Ilhas Marquesas, em 1903, vítima da sífilis que lhe corroeu o corpo. E assim temos outra mirada de telas como De Onde Viemos? Onde Estamos? Onde Vamos?, Nevermore, Van Gogh Pintando Girassóis e os espetaculares Um Demônio Vigia a Menina – ou Manao Tupapau em língua maóri – e O Feiticeiro de Hiva Oa.



A sensualidade de Gauguin, com seus homens-mulheres polinésios (em que o sexo das figuras é indefinido), suas musas nuas expondo seus sexos, seus pescadores de tangas, seus guerreiros tatuados, deuses negros de peitos túrgidos, ancas enormes, coxas roliças fizeram com que a arte deste francês expatriado ofendesse a Igreja e o indispusesse com amigos e discípulos. Coxo depois de uma briga, pai ausente – nunca teve grande amor por nenhum de seus oito filhos –, promíscuo, intransigente e sonhador, Gauguin tinha o espírito de um artista pleno de projetos irrealizáveis. Como bem diz o título do livro de Vargas Llosa, ele achava que o Paraíso estava na outra esquina, na outra ilha, no outro lado do mundo. O homem Gauguin nunca o encontrou. Já o pintor Gauguin traduziu esse Éden em telas que ofuscam a vista e as convenções.

terça-feira, 26 de abril de 2011

A estrada de cada um

Essa canção, cantada por Fagner lá em 1980 na abertura da novela Coração Alado, por algum motivo me traduz em vários momentos de minha vida. E este é um deles. A ingenuidade foi perdida, há horas em que nos deparamos com verdadeiros desertos, mas há sempre uma estrada a seguir. Uma estrada que só pode ser trilhada por nós mesmos. Sempre achei esses versos lindos, mesmo que tenham lá seu tom um tanto passadista.




Noturno


O aço dos meus olhos
E o fel das minhas palavras
Acalmaram meu silêncio,
Mas deixaram suas marcas...


Se hoje sou deserto
É que eu não sabia
Que as flores com o tempo
Perdem a força
E a ventania
Vem mais forte...


Hoje só acredito no pulsar das minhas veias
E aquela luz que havia
Em cada ponto de partida
Há muito me deixou
Há muito me deixou


Ah, coração alado
Desfolharei meus olhos
Nesse escuro véu
Não acredito mais no fogo ingênuo da paixão
São tantas ilusões perdidas na lembrança
Nessa estrada, só quem pode me seguir sou eu...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Uma Dor Universal



A crônica a seguir foi publicada no jornal O Popular em 15 de abril e teve uma repercussão tão grande que me surpreendeu. Foram tantos os que pediram para eu incluí-la aqui neste blog, que resolvi atendê-los. Espero que gostem

Uma Dor Universal



A humanidade está cheia de cizânias, guerras civis, desentendimentos variados, mas, acima de religiões, etnias, posicionamentos políticos, paixões futebolísticas, há algo que une a espécie: a dor de barriga. Esta é igual para todos! Quer dizer, algumas são piores, é verdade... O que importa ressaltar, porém, é que o famoso piriri é soberano, universal, democrático, planetário. Aquele que não tenha sentido, ao menos uma vez, aquela pontada profunda lá no baixo ventre que prenuncia momentos de pavor e desespero, que jogue o primeiro rolo de papel higiênico dupla face! Nem todo mundo tem dor de cabeça.

Nem todo mundo tem dor renal. Nem todo mundo tem dor de cotovelo. Mas todo mundo tem dor de barriga. Dessa, ninguém escapa. Os reis e a plebe, as prostitutas e as beatas, os corruptos e os honestos, os analfabetos e os intelectuais, os vilanovenses e os esmeraldinos. Todos, absolutamente todos, um dia, se curvam ao poder inabalável de um intestino solto. Todos já ouviram o estrondar de tripas se remexendo em desordem, Já sentiram o suor frio que percorre a espinha, a fraqueza que bambeia as pernas, o olhar que se esbugalha e do sentimento de que não vai dar tempo de chegar ao primeiro banheiro disponível.

A dor de barriga é uma instituição poderosa, e não só humana. Estamos na companhia de gatos, cachorros, bois e uma gama enorme de bichos nessa luta insana e ingrata contra nossas próprias entranhas. A diferença é que não saímos por aí pastando plantinhas no quintal como eles quando padecem do famoso enxurrio. Nós vamos à farmácia, pedimos pelo amor de Deus um remedinho milagroso. Mas esse é um erro grave. Nessas horas, é melhor deixar rolar, ainda que você fique desidratado até a medula. É preciso adotar a postura da flor e se plantar no primeiro vaso que conseguir encontrar. E mesmo ali, no ambiente adequado para tais momentos de horror, ainda há aqueles que são literalmente torturados pela própria diarreia.

A dor de barriga também é solidária. Todo chefe compreende quando o funcionário justifica a falta dizendo: ‘Tive uma dor de barriga ontem de lascar!” Experimenta substituir isso por: “Tive uma dor de ouvido ontem de lascar!” Não dá o mesmo efeito, não é? E é impressionante como todos conseguem imaginar com perfeição a situação. “Tive uma dor de barriga.” Ao ouvir essa frase, seu interlocutor logo faz cara de nojo, parecendo sentir odores desagradáveis, como se você estivesse resolvendo o problema ali, naquele momento, na frente dele! Fico intrigado como os poetas, os compositores, os dramaturgos não dedicam seu talento estético à dor de barriga. Ela, sim, é emblemática da natureza humana, diz muito mais de nosso ser que qualquer existencialismo, filosofia ou arte. Decartes deveria ter dito: “Tenho dor de barriga, logo existo.”

As religiões do mundo deveriam dar mais atenção para tais incontinências. As cólicas no baixo ventre nos faz acreditar mais em Deus, clamando por sua misericórdia. Não há ateu que não se converta nesses instantes de profundo sofrimento. São momentos em que avaros percebem que suas fortunas nada lhes valem, que vaidosos veem suas maquiagens derreter, que gulosos se penitenciam por ter comido tanto. A dor de barriga nos une a todos e nos mostra o que há – algumas vezes em abundância – dentro de nós além das qualidades que julgamos portar. Sim, amigos, dor de barriga pega um, pega geral, e também vai pegar vocês! Um hora pega...

quarta-feira, 9 de março de 2011

Homenagem a Moacyr Scliar


Esta crônica foi publicada no jornal O Popular no dia 2 de março e gerou tanta repercussão entre os leitores que decidi postá-la aqui, como uma pequena homenagem a um dos grandes autores brasileiros das últimas décadas.



Moacyr!!!!!

Meu primeiro contato com Moacyr Scliar foi assim, no grito! Era fevereiro de 2004 e ele, pouco tempo antes, havia tomado posse na cadeira nº 31 na Academia Brasileira de Letras. Estávamos no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Eu esperava um voo para Goiânia e ele resolvia algum problema no guichê da TAM. Quando o vi, estava de costas e não tive certeza se era de fato quem eu pensava. O aeroporto, para variar, estava cheio e tumultuado. Só tive a confirmação alguns minutos depois, quando o vi entrar na fila de embarque para um voo que ia para Porto Alegre.
Sim, era Moacyr Scliar. Não tenho muitas fotos com celebridades, apesar de já ter entrevistado várias delas, mas, como alguém que cobre literatura, não perco a oportunidade de pegar um autógrafo dos autores que li e admiro. Moacyr era um deles. E ele estava ali, no saguão, dando a maior sopa. Não ia perder a chance. Corri até a livraria do aeroporto e comprei, às pressas, um exemplar de Melhores Contos de Moacyr Scliar. O problema é que antes da reforma do aeroporto paulista, a livraria ficava inconvenientemente distante da ala de embarque da TAM. E lá fui eu, correndo entre malas e passageiros, a tempo de pedir a assinatura de Moacyr Scliar antes do embarque.
Foi aos 45 do segundo tempo, mas foi. Quando o vi, ele já estava entregando seu bilhete de embarque para a funcionária da Infraero. Em um segundo, ele sumiria de minhas vistas. Eu estava a uns 20 metros de distância. Não tive dúvidas: Moacyr!!! O grito ecoou pelo saguão do aeroporto e muita gente se assustou, inclusive o escritor. Ele voltou, com ar espantado, como a perguntar o que era aquilo. E o que viu foi um sujeito ofegante se aproximando com um livro seu na mão: “Me dê um autógrafo, por favor.” Ele riu, brincou com o susto que havia levado e escreveu: “Para Rogério, leitor alado, o abraço de Moacyr Scliar. Congonhas, fev. 04.”
A partir daquele dia, eu falaria com Moacyr Scliar várias outras vezes, geralmente por telefone. Quando precisava de uma opinião sua para determinada matéria, ligava em sua casa e ele me atendia. Nunca deixou de ser solícito, atencioso. Fiz isso na reportagem sobre o centenário de Erico Verissimo, conterrâneo e mestre de Scliar; na matéria a respeito dos novos autores gaúchos; na enquete com escritores sobre o gênero romance.
Fiz ainda uma entrevista sobre o projeto Vozes do Golpe, quatro livros com relatos da ditadura militar que ele escreveu ao lado dos amigos Carlos Heitor Cony, Luis Fernando Verissimo e Zuenir Ventura. Para falar das obras, os quatro vieram a Goiânia em 2005, na 1ª Bienal do Livro de Goiás, e Moacyr tinha um presente para mim: um exemplar de Mistérios de Porto Alegre, devidamente dedicado.
Na conversa que tive com os quatro pouco antes do evento, Moacyr autografou outro livro dele, o Contos Reunidos, e escreveu algo inesquecível para mim: “Para o Rogério, homenagem a seu talento e sua cultura, com abraço do Moacyr Scliar. Abr. 05.” Em 2007, voltaria a me encontrar com ele por acaso, no Aeroporto de Cumbica, e nós fomos jogando conversa fora de Guarulhos até a Avenida Paulista, onde desceríamos com compromissos diferentes.
Moacyr morreu no domingo, deixando esse tipo de lembrança. Ele foi um homem cativante, polido, alegre. Na já citada vinda a Goiânia, ao lado dos amigos escritores, esbanjou bom humor, simpatia, fez ótimas tiradas para deleite do público. Sei que é pouco, Moacyr, mas esta crônica é uma singela homenagem a seu talento e sua cultura.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Explicação

Em cumprimento a acordo judicial firmado com a Procuradoria do Estado do Amapá


No dia 7 de abril de 2010, publiquei um texto com o título Amapá, Uma Abstração, em que, por meio de uma crônica – que mistura realidade e ficção –, brinquei com a real existência do Estado do Amapá. Esse texto ganhou ampla repercussão no Amapá, sendo reproduzido em redes sociais e pela imprensa local, e causou indignação a muitos habitantes do Estado, que se sentiram ofendidos. Isso motivou a Procuradoria do Estado do Amapá a ingressar com uma ação cível alegando que o texto feria os direitos difusos da unidade federativa. Antes que o processo fosse analisado ainda em primeira instância, as partes firmaram acordo judicial e a publicação do presente texto neste blog é parte integrante dessa conciliação.

A crônica buscou dar uma visão de bom humor a temas da atualidade recorrendo para isso, porém, à fantasia. Para isso, fiz alusões ao Amapá que não imaginei que seriam ofensivas. Recebi diversas mensagens que mostraram o contrário, ainda que essa não tenha sido, em momento algum, a intenção do texto. Peço, novamente, desculpas a quem se sentiu ofendido por minhas palavras. As críticas não eram contra o Amapá e seu povo e sim contra mazelas que atingem todo o País.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Dia de Reis

Na postagem anterior, disse que estava em inferno astral.
Pois é, passou!

Esse Dia de Reis foi muito melhor do que eu esperava.
Muitos, mas muitos amigos mesmo se manifestaram, me abraçaram, me deram mostras de carinho, afeto e consideração. Quero agradecer a todos eles!

É muito bom quando sabemos que há tanta gente inteligente, elegante, de bem com a vida, com conteúdo e generosa que gosta de você. Recebi mensagens e telefonemas de mais de uma centena de amigos de trabalho, de colegas de profissão, de ex-alunos, de leitores fieis.

Vieram telefonemas e mensagens da Bahia, da Paraíba, do Rio de Janeiro, do Paraná, de Brasília, dos Estados Unidos, de Cabo Verde, da Europa. De todo esse mundo velho de meu Deus por onde pessoas queridas estão espalhadas. Muito obrigado por tudo.

Houve até quem quisesse usar esse espaço para me mandar uma "carinhosa" mensagem de rancor, falta de civilidade e pouca educação. Quero agradecer a esses também porque eles me dão um bom padrão de avaliação do quanto meus amigos são bons, melhores ainda do que eu pensava quando comparados com gente tão miúda. Obrigado por existirem!

Desejo um 2011 cheio de realizações, saúde e paz a todos os leitores deste blog. Sem exceções!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Dias



É inferno astral? Muitos dizem que sim. Nos dias que antecedem nosso aniversário, problemas se sucedem, você tem surpresas desagradáveis, passa algumas raivas. Quero aqui testemunhar que tudo isso é a mais absoluta e cientificamente provada realidade. O inferno astral existe! No meu caso, ele se anuncia com pequenos sinais infalíveis.


- O olho esquerdo treme


- Aumentam os pesadelos noturnos


- Me dá uma vontade de dormir cedo


- Os problemas se mostram maiores do que são de fato


- A paciência fica curta


- Minhas crises alérgicas ficam mais frequentes


- Mágoas latentes afloram


- Tenho dias de desabafo e falo o que não devo


- Resolvo que não vou levar desaforo pra casa e falo o que devo e o que não devo


- Perco o pouco de diplomacia e altivez de espírito que tenho


- Começo a alimentar desconfianças, embasadas e inventadas


- Escrevo bobagens no blog...


Sim, estou na plenitude de meu inferno astral!