segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Gangorra


"Vivemos conjugando o tempo passado ( saudade, para os românticos)
e o tempo futuro ( esperança para os idealistas).
Uma gangorra, como vês, cheia de altos e baixos - uma gangorra emocional.
Isto acaba fundindo a cuca de poetas e sábios e maluquecendo de vez o Homo sapiens.
Mais felizes os animais, que, na sua gramática imediata,
apenas lhes sobra um tempo: o presente do indicativo.
E que nem dá tempo para suspiros... "

Mario Quintana


Queria tanto não estar nesta gangorra...
Tem jeito de sair dela?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Bispo Gargamel


Nem a Globo tem este furo de reportagem. Descobrimos a verdadeira identidade do Bispo Edir Macedo, o homem da fogueira santa de Israel.
















terça-feira, 11 de agosto de 2009

Cinco anos

Tem um monte de coisas em que ainda preciso amadurecer. Muita coisa mesmo. Mas pago meus pecados devidamente, podem crer.
Uma grande amiga minha me disse dias desses que eu preciso manejar melhor meus sentimentos. É verdade. Este aprendizado, para mim, é como o de línguas estrangeiras: difícil.
Mas há outros aspectos em que me sinto mais maduro, como o de controlar a ansiedade em várias situações.
Hoje renovei meu visto para os Estados Unidos. A última vez em que havia estado na embaixada do Tio Sam foi em 2004. Cinco anos se passaram e percebi a diferença que pode significar sair dos 20 e entrar nos 30.
Estava um tantinho nervoso? Claro. Mas o nervosismo era pela fila que não andava e não por ter um sonho ameaçado. O sonho de conhecer diversos lugares a que sempre quis ir nos EUA eu já realizei: Hollywood, Grand Canyon, Havaí, Las Vegas, Golden Gate, sede da NASA e, o maior de todos, Nova York e seu Museu de História Natural, com o esqueleto do Tiranossauro Rex (sonhos de infância são sempre os mais valiosos!)
Graças a Deus, curti cada minuto em que estive em cada um destes lugares. Ir para os Estados Unidos já não é um sonho, é uma realização. Hoje, aos 32, tenho outros projetos e outros anseios que não tinha aos 27. A embaixada americana não mudou muito nestes 5 anos (os funcionários, é verdade, ficaram mais simpáticos e o prédio ficou bem menos ameaçador para mim) e não senti frio na barriga por temer ser recusado. Se o fosse, ficaria irritado e só. Nada mais. Com visto aprovado, agradeço a chance de conhecer outros lugares em que ainda quero ir (Washington, Chicago, Grandes Lagos, New Orleans), mas já mais sereno, penso.
Estas viagens foram os melhores presentes que me dei. Daqui 5 anos, quando, quem sabe, for novamente a Brasília renovar um visto, como será?

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mussum


Publiquei esta crônica sobre uma das figuras mais carismáticas que já vi na TV no último domingo, dia 2 de agosto. Escrevi este texto em meia-hora, se muito, inspirado pelas lembranças dos 15 anos da morte de Mussum. Engraçado é que muita gente veio comentar comigo que havia lido a crônica, recebi diversos e-mails de leitores do jornal que não conheço e o que senti em todos foi um intenso sentimento de identificação. Recordar é mais que viver. Recordar é preciso.



Cacildis, que saudadis



Uma das cenas mais marcantes da TV de que me lembro é Didi Mocó, com uma peruca de Maria Bethânia, como aquele “cabelo você me azucrina”, como diria uma querida amiga minha, num clipe de Terezinha, de Chico Buarque. Na estrofe

“O segundo me chegou
Como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente
Tão amarga de tragar”

eis que surge ele, Mussum, entrando no quarto, trocando as pernas, com uma garrafa de pinga na mão e já dando um catiripapos em Didi.

Aqueles eram os anos 80, em que o início das noites de domingo era ocupado por um humor ingênuo, pastelão, com alguns rasgos de perversidade, e não por celebridades sebentas e vazias, como hoje. Os Trapalhões faziam rir com situações simples e piadas prontas, cheias de estereótipos e com tiradas politicamente incorretas. Mas o carisma daquela turma transformava o programa em um fenômeno de audiência e alavancava a bilheteria dos filmes de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Perder um filme dos Trapalhões? Mas nem pensar, de forma alguma!
Esta semana lembramos os 15 anos da morte de um deles, talvez o mais alegre, o mais simpático, talvez até o mais engraçado de todos. Mussum era puro sorriso e com seus dentes alvos fazia rir, assim como provocava gargalhadas quando ficava nervoso e queria sair no sopapo com quem tentava passá-lo para trás.

Lembro-me perfeitamente de quando um plantão da Globo, num sábado de manhã, anunciou a morte de Mussum. Zacarias já havia partido quatro anos antes e desde então eu percebera, surpreso, que aqueles caras não eram imortais. Mussum, porém, era especial. Ele tinha ginga, tinha uma malandragem gostosa de se ver. Era um comediante com ritmo, malemolência.
Talvez o que tenha mais marcado Mussum foi a maneira genial como ele trabalhava sua cor negra no humor. Hoje tudo é ofensivo, tudo é discriminatório, as pessoas ficaram mais radicais. Mas Mussum, quando queria enganar um incauto em algum truque para ganhar uns trocados a mais, garantia: “Quero morrer pretis se eu estiver mentindo.” Ou quando alguém se referia a ele como negão ou crioulo. “Negão é seu passadis”; “Crioulo é sua véia.”

E Mussum completava, com sua cor e seu jeito, a representação brasileira que havia em Os Trapalhões. Ele era o carioca, o negro, a alegria africana que corre em nossas veias, assim como Dedé era o homem urbano e metido a sabichão, Zacarias era o homem do interior, mineirinho ingênuo, mas engenhoso, e Didi o retirante nordestino que sempre dava um nó em quem o considerava uma vítima fácil.

No quarteto, Mussum se destacava pela gargalhada rasgada, por uma espontaneidade desmedida, por seu jeito tão particular em terminar certas palavras com “is”, criando um dialeto próprio. Comediante inteligente, usou todos os recursos de que dispunha para divertir os outros. Tirou partido do samba no pé, do gosto além da conta pela bebida e até do porte físico. Bundudo, imortalizou a palavra “forébis” para se referir ao traseiro, dele e o dos outros.

Rever cenas de Os Trapalhões é cair em um certo saudosismo, não tem jeito. Como esquecer Didi e Mussum, vestidos, de Clara Nunes e Clementina de Jesus, em um clipe em que um dá rasteira no outro em uma praia enquanto cantam? Como não rir com Mussum de peruca com cabelo alisado apresentando um telejornal? Não dá. Aquilo era muito bom. Cacildis, que saudadis.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sábado

Sábado é um dia abençoado. Mais até que domingo. Domingo é um dia meio depressivo, acho, principalmente quando a tarde começa a cair. O sábado não. Ele pode trazer aquela preguiça gostosa, sem culpa. Meus últimos sábados não foram assim, sempre atarefados. Mas o sábado passado foi diferente e aí eu me lembrei o quanto gosto deste dia.

1. Acordei tarde, mais ou menos 10h30, e logo uma amiga me ligou para ir ao seu apê agendar pela internet a entrevista do visto para os EUA.

2. Formulários virtuais preenchidos, ficamos lá, com mais duas pessoas, jogando conversa fora até umas 2 da tarde, num papo gostoso, sem sombras ou insinuações.

3. Fui de carona comer um prato maravilhoso no Pinguim, tomar dois chopes pingados geladíssimos e conversar sobre de tudo um pouco. Lembramos a adolescência, falamos sobre como as pessoas são, fizemos piadas, no melhor descompromisso com a hora.

4. Lá pelas 4h30 fomos para o shopping comprar um brinquedo de presente e eu fiquei lá, apertando todos os bichos que faziam barulho que vi e até ensinei um moleque que eu não conhecia a brincar com um olho que soltava raios.

5. Um querido casal de amigos, meus afilhados de casamento, me ligou chamando para conhecer o apê novo deles e depois ir para o cinema. Fui ao apê e fiquei muito feliz pelos dois por terem conseguido comprar um imóvel tão bom e terem montado uma casa com cara de lar.

6. Fomos ao Bougainville assistir Inimigos Públicos (o filme não é muito bom não) e depois ficamos lembrando cenas de grandes filmes de gangsters, como Os Intocáveis.

7. Fomos à Pizzaria Casa São Paulo, saboreamos uma pizza maravilhosa e, de novo, jogamos mais conversa fora. Falamos sobre coisas sérias e bobagens, como sempre acontece nesses encontros.

8. Cheguei em casa à meia-noite. Não escrevi uma palavra, não li uma linha, deixei meus problemas no trabalho, minhas decepções, meus medos, minhas preocupações de folga este dia.

Sei que ninguém tem a ver com minha rotina de fim de semana, mas quis escrever tudo isso aqui para dizer que há momentos em que merecemos férias. Férias de nós mesmos. Temos que aceitar os convites de amigos, dos amigos de verdade, daqueles que gostam de estar e conversar com você, daqueles que compartilham suas vitórias e se solidarizam com seus problemas. Me senti muito recompensado neste sábado. Me senti afagado por gente de que gosto muito, que têm um espaço especial em minha vida. Olhando para estas pessoas neste sábado, fiquei revigorado, renovado em minhas forças para enfrentar muitas segundas, terças, quartas em que eles não estarão tão perto.

Valeu, queridos. Este post é para vocês: Rossana, Marina e Pablo. Valeu mesmo.