"Quem não saber rir não deve ser levado a sério"
Essa frase é do escritor austríaco Thomas Bernhard (foto), um dos maiores romancistas do século 20. Grande ensinamento. E pensar que essa dica vem de um autor que, à primeira vista, parece um prosador insípido, árido. Ele é um autor difícil. No romance O Náufrago, Bernhard mostra toda a sua perícia em dizer algo muito mais do que está escrito. E é nas entrelinhas que está seu humor, sua visão particular e incompreendida do mundo. Há os lampejos de clareza, como essa frase, mas no geral é necessário saber interpretar seu texto, não se deixar levar pelo que é dito e sim procurar o que se quis dizer.
Cada vez mais estou convencido de que as pessoas deveriam ler mais ficção para entender melhor a realidade. Se as pessoas lessem mais autores como Thomas Bernhard, seriam, com certeza, mais tolerantes, menos encharcadas de ódio e mais partidárias da fantasia. A literatura não quer e não tem a obrigação de resolver nada, mas que ela facilita a reflexão mais serena, ah, isso ela faz. E o humor, mesmo em enredos em que prosperam a desesperança e a descrença, está lá, talvez até melhor do que em manifestações mais explícitas.
Thomas Bernhard é apenas um dos muitos e muitos autores que nos dão ensinamentos nesse sentido. Como ele há José Saramago, Thomas Mann, António Lobo Antunes, Mario Vargas Llosa, Alan Pauls, William Faulkner. Lendo esses caras, fica mais fácil rir. Mesmo porque fica difícil rir ou chorar se não se entende o que é lido, o que é dito, o que é mostrado.
Um comentário:
Nunca deixei de acreditar no poder curador de uma bela risada, ou nas doses homeopáticas de alguns pequenos sorrisos espalhados sem segundas intenções.
Postar um comentário