segunda-feira, 27 de julho de 2009

O poder da palavra



Meu orientador no doutorado da UnB me disse, em uma de nossas reuniões, uma frase que nunca vou me esquecer: "Rogério, você nasceu para escrever."

Confesso, cá com minha vaidade, que adorei ouvir isso dele. Não por Sérgio Porto ser meu orientador, mas pelo fato de meu orientador ser Sérgio Porto, um homem que participou da histórica redação da revista Realidade.

Venho pensando muito sobre o que significa escrever por estes dias. E tenho pensado na responsabilidade que é escrever. E ando escrevendo muito. Escrevo no jornal, escrevo minha tese, escrevo neste blog. Escrevo, escrevo, escrevo...

Quando você escreve o que deve, as pessoas leem. Quando escreve o que não deve, elas leem também. Tenho escrito coisas que devo e que não devo escrever.

Quando escrevo o que devo, recebo elogios e fico muito realizado por fazer algo que foi bom não só para mim. Por um artigo sobre política que publiquei no jornal em que trabalho, recebi um afago da amiga blogueira Deire Assis, uma carta muito elogiosa de um leitor que não conheço, que se disse "ávido por meus textos", comentários positivos de colegas. Foi ótimo.

Quando escrevo o que não devo, acabo machucando quem não quero. E isso acontece porque as palavras têm força, muita força. E as palavras escritas são as mais fortes de todas. No meu último post, fiz críticas a alguns comportamentos, refletindo sobre a vida. Mencionei comportamentos que não aprovo e condutas que eu acho corretas. Comportamentos estes que são, em grande parte, meus comportamentos, infelizmente. Condutas estas que, infelizmente, ainda não são as minhas.

Mas acabei falando também de posturas que não aprovo nos outros, não como uma agressão endereçada. Uma pessoa que prezo muito, infelizmente, entendeu assim. Não sabia que a pessoa que se sentiu atingida leria, não foi algo premeditado, uma ofensa planejada. Foi um desabafo, um colcha de retalhos de pensamentos esparsos. Achei que esta pessoa nem lia meu blog. Como o que foi interpretado como ofensa foi publicado aqui, quero, também aqui, e também por escrito, pedir desculpas, agora que sei que este blog tem um leitor a mais. Foi mal. Errei a mão. Perdão.

Manejar mal as palavras me deixam triste, manejá-las bem me fascina não só quando eu acerto, mas quando quem está à minha volta, e que sabe escrever tão bem, também acerta. Neste blog há links para alguns destes profissionais da palavra que tanto admiro. Lendo-os, aprendo demais.

Quando leio o blog da Deire Assis, por exemplo, eu a vejo falando, só que de uma maneira mais poética. Ela se abre, se mostra, deixa que entremos, por meio da palavra, em seus pensamentos, em suas reflexões sobre o mundo, em suas dúvidas, em suas opiniões. Uma delícia.

Opinião, aliás, que um jovem colega de redação sabe dar tão bem. Rodrigo Alves é um daqueles caras que a gente tem de ler antes para não sair por aí falando bobagem sobre um livro, um filme. Sua visão é aguçada e enriquecedora.

Meu afilhado de casamento Pablo Alcântara já trabalha a palavra de outra forma. Cronista de mão cheia, sabe passar o inusitado do cotidiano para uma linguagem leve, divertida, instigante, que nos leva a pensar sobre o que diabos é a humanidade, meu Deus!!!!

Sou professor de jornalismo e muitos alunos, os mais interessados, depois que descobrem que trabalho em um grande jornal, dão uma olhadinha no que escrevo. Os que não gostam, claro, não dizem. Os que gostam, comentam.

Um desses alunos, um dos mais aplicados que já tive, sempre comenta comigo algumas matérias que faço mas, inevitavelmente, depois de dizer algo sobre o que escrevi, elogia outra matéria, a que de fato lhe interessou e lhe reforçou o desejo de ser jornalista. Ele é fã de carteirinha de Vinicius Sassine. Aceito a preferência, já que compartilho com ele desta admiração.

E conheço tantos outros que sabem transformar a palavra em alguma coisa que talvez nem possa ser definido por... palavras. Sempre admirei o trabalho de profissionais como Malu Longo, como Valbene Bezerra, como Renato Queiroz (o senso de humor mais refinado da redação), de Carlos Eduardo Reche e sua ética ao lidar com fontes tão pouco éticas. Grandes professores!

Os erros que cometemos, quando escrevemos o que não devemos, fazem parte deste difícil exercício de lidar com um bicho arisco chamado palavra. Os tombos são inevitáveis. Temos que levantar e tentar escrever algo melhor. É isso que estou tentando fazer aqui.

Eu não nasci só para escrever, como disse meu orientador. Acho que também escrevo para viver. E escrevo para poder conviver com tanta gente que escreve tão bem.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Daquilo que eu sei...

Daquilo que eu sei...

... a vida não é fácil, os problemas se acumulam e os desafios não param de aparecer, mas há momentos que podem, sim, ser maravilhosos...

... a amizade ainda é o melhor sentimento humano que existe...

... nós escolhemos nossos amigos, assim como nossos amigos nos escolhem. É, inevitavelmente, uma via de mão dupla. Não adianta escolhermos quem não nos escolhe. É perda de tempo e o melhor é desencanar, investir em quem realmente lhe quer ao lado...

... a idade traz um pouco mais de serenidade, mas não muda temperamentos não...

... as pessoas estão ficando mais intolerantes...

Daquilo que eu sei...

... a atenção é o melhor bálsamo para a alma e ela se dá em pequenos e valiosos gestos, como quando alguém prepara um sanduíche natural e compra um suco de uva pensando em você, para que você lanche bem...

... o desprezo e a negligência são os piores sentimentos que podemos endereçar a outra pessoa, piores que o ódio, piores que a ira...

... é preciso separar o joio do trigo e não ficar com o joio...

... é necessário desenvolver o dom de ouvir e observar, falando e opinando menos...

... não temos que julgar as pessoas, jamais. Não sejamos tão presunçosos...

... devemos procurar ser transparentes, deixando claro quando gostamos e/ou não suportamos alguém. Se gostamos, que demonstremos. Se não gostamos, que também demonstremos. Nada de dubiedades, nada de diplomacias exageradas, nada de risinhos frouxos para quem não suportamos. Se quem não nos suporta nos sorri falsamente, problema de quem ri sem sentir graça, sem ter a verdadeira alegria...

Daquilo que eu sei...

... há mais gente pronta a atrapalhar do que a ajudar, mas os que ajudam costumam ser mais competentes e fortes do que os que só pensam em prejudicar...

... não é bom sonharmos demais, ficarmos empolgados além da conta, mas também não devemos desanimar de nossos projetos. Eles são nossos...

... a família, por mais problemática que seja, por mais complicações que cause, por mais preocupações que gere, ainda é a família, porto seguro nos momentos mais incertos...

... devemos ser otimistas, sim, mas também temos o direito à melancolia, ao choro de tristeza, aos pensamentos sombrios, à fossa...

... perdemos muitas oportunidades de sermos felizes quando não aproveitamos um momento de alegria, uma companhia agradável, um papo furado. Nos falta muita sabedoria no cotidiano...

... sei que nada sei? Nada disso! Daquilo que eu sei, sei por viver, por padecer, por errar e acertar. Daquilo que eu sei, não dispenso nada. Só assim, quem sabe, saberei mais...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Ô povo feio!!!!!!

Deu na The Economist:
"O Senado brasileiro é uma Casa de Horrores"
Alguma Dúvida?












terça-feira, 7 de julho de 2009

Estou sentindo falta


Estou sentindo falta de uma reportagem mais aventureira.

Uma reportagem que necessite apurar os dados, in loco, com pessoas desconhecidas, totalmente anônimas, que me façam aprender coisas que eu jamais pensei conhecer.

Uma reportagem em que seja possível um legítimo exercício das possibilidades do texto.

Uma reportagem que possa surpreender os leitores pela abordagem, pela maneira diferente com que o assunto é tratado.

Uma reportagem que me leve para longe onde eu possa falar de coisas que nos são tão próximas.

Uma reportagem que não seja burocrática, que não seja feita às pressas, que não repita fontes.

Uma reportagem que fuja da agenda e que me faça relê-la com prazer no dia seguinte.


Estou sentindo falta...