quinta-feira, 8 de maio de 2008

Uma pequena crônica sobre o tempo

A ficha caiu


Ouvindo Chico Buarque, me deparei com o inexorável:
"Eu acho que vou desligar
As fichas já vão terminar"
Dois versinhos bobos, nem tão bonitos assim da música Bye, Bye, Brasil me fizeram pensar mais do que um tratado de filosofia inteiro.
As fichas já vão terminar? Fichas? Que fichas?
Para qualquer adolescente de hoje falar em fichas – nestas fichas – é uma aberração. Como assim? Se ligava de telefone público com fichas?
Pois é. Era assim mesmo que nós, os mais... digamos... experientes, usávamos o velho e bom orelhão.
Cartão? Que mané cartão. Isso não existia tempos atrás. Era com a famosa fichinha de metal, do tamanho de uma moeda, que as ligações eram feitas em aparelhos públicos, num tempo em que ter uma linha de telefone em casa significava um investimento financeiro.
Aquela fichinha que sumia dentro das bolsas das mulheres, que os homens deixavam cair do bolso das calças e que pareciam nunca ser suficientes para fazer as ligações que precisávamos fazer. Elas eram colocadas na parte de cima dos aparelhos e quando a ligação se completava – algo que poderia muito bem não acontecer –, um barulhinho dela caindo dentro do depósito de fichas do telefone sinalizava que a pessoa iria sim conseguir falar com o parente distante. A ficha havia caído.
Me lembro que estas fichas eram, ao mesmo tempo, úteis e desprezadas. Era fácil encontrá-las jogadas nas ruas, em ralos de pias, perdidas no fundo de alguma gaveta pouco aberta.
Fico me perguntando onde foram parar tantas fichas? Que destino este fóssil tecnológico teve? Onde está este instrumento pré-analógico na era digital? Será que existe alguém que coleciona fichas telefônicas ou elas estão fadadas ao esquecimento total, restritas a menções enigmáticas em uma canção dos anos 70? Possivelmente sim. Mas a ficha telefônica serve a outro objetivo. Ela é uma prova de que o tempo passa, de que o tempo voa... Serve para a gente perceber que... Bem, é melhor deixar pra lá. Não vamos encompridar a conversa não. A ficha já caiu, tá bom!

7 comentários:

Unknown disse...

até 2000 tinha ficha, certeza!!

abraços, amigo.

Sassine disse...

GRANDES versos. é isso!

Deire Assis disse...

rogerio, sabe o que eu imaginei? seus sobrinhos lendo este texto. "que raio de ficha de telefone é essa, tio?" teriam dito.

Helen Fernanda disse...

A “gente” inventô um “negocim” chamado “BloGYN”, que é “pra mode us bloguêro goianim”, principalmente da “capitar”, interagir tanto na web quanto na vida “rear”.

Para começar a participar, basta na seguinte página entrar: http://groups.google.com/group/blogyn

Para logar basta o seu loGYN do Google usar, ou seja: mesmo “i-meiu” e senha do orkut.

Solicite participar que eu vou te adicionar. Se preferir, pode configurar para não receber “mensagi pur i-meiu” e olhar só na “uébi”. Se não quiser seu bloGYN pessoal espalhar, pode outro blog divulgar.

Acho que essa semana já tem encontro do “pessoar”.

Cansei de rimar e de “r” puxar, vou encerrar.

Unknown disse...

uauuuuu, caiu a ficha agora,,, vc eh um poeta!! que lindo seu blog! amei!! vou ler sempre!! um beijo

Unknown disse...

Rogeeeeeeeeeer, tô com saudadeeeeeee!!!!!!
Muito bom isso! Engraçado como objetos despertam lembranças e nos fazem pessoas 'de outro tempo', né? A ficha, o vinil...Somos mesmo de outro século! :) Ei, eu tb tenho blog agora. Visita dispois (www.lunettamagica.zip.net) e me visita dispois tb! Beijo!

Hellen disse...

Rogério, eu sou do século passado! Eu guardo uma ficha! Sabe aquela gaveta cheia de tralhas e que a gente tira no máximo 3 dias alternados por ano pra "arrumar" e acaba ficando do mesmo jeito??? Pois é... na minha gaveta-baú tem uma ficha, uma mini-garrafinha da coca-cola, uma galinhinha do caldo maggi, uma bonequinha da claybom... sempre penso em jogar fora mas agora que tenho filhos deste século, faço questão de guardar e mostrar a eles as pérolas do século passado da mãe deles!!!
Ah! agora tenho Blog... conectada.blog.terra.com.br
entra lá!!